segunda-feira, 7 de março de 2011


Só agora eu sinto que a minhas asas eram maiores que as dele, e que ele se contentava com os ares baixos: eu queria grandes espaços, amplitudes azuis onde meus olhos pudessem se perder e meu corpo pudesse se espojar sem medo nenhum. Queria e quero. Voar junto com alguém, não sozinho. Mas todos me parecem tão fracos, tão assustados e incapazes de ir muito longe. Talvez eu me engane, e minhas asas sejam bem mais frágeis que meu ímpeto. Mas se forem como imagino, talvez esteja fadado à solidão.

Tenho olhado no espelho por tanto tempo que comecei a acreditar que minha alma estava do outro lado. Todos os pequenos pedaços caindo destruídos.

Partes de mim afiados demais para serem colocados de volta.

Pequenos demais para terem importância, mas grandes o suficiente para me cortar em tantos pequenos pedaços se eu tentar tocá-la.