quinta-feira, 31 de maio de 2012

"A questão mais aflitiva para um espírito no além é a consciência do tempo perdido."
Chico Xavier



Essa frase me lembra Um Conto De Natal, de Charles Dickens. Mais especificamente me lembra o personagem Sr. Scrooge, um homem ensimesmado que pensa fazer sempre o suficiente, rodeado de pessoas abertas para a vida, porém ele não vê a necessidade de ser como elas e vive fechado para relações. Scrooge recebe visitas de pessoas que tentam mostrar-lhe como é bela a vida quando se faz parte de algo, quando faz o bem às pessoas. Porém o que mais me marcou foi a visita do falecido amigo Marley, que era muito parecido com Scrooge em vida e que o contatou através do sonho.


Quando Scrooge pergunta-lhe por que veio visitá-lo, Marley responde:

- Exige-se de todo homem que o espírito dele visite seus semelhantes, viajando a lugares distantes. Mas se ele não fizer isso equanto estiver vivo, terá de fazer depois da morte. É obrigado a vagar pelo mundo e a ver acontecimentos dos quais não pode mais participar, mas deveria ter participado quando ainda estava na Terra, transformando-os em felicidade.

Scrooge tinha construído uma corrente fechando-se em si e percebera que teria o mesmo futuro de Marley. Mas vendo a verdade nas palavras do amigo, viu seu passado, presente e como seria o futuro se continuasse a agir de tal forma. Sentiu-se feliz quando acordou e percebeu que tudo não passara de um sonho e ainda havia tempo de mudar. Scrooge nem se importou com o que as pessoas pensariam de sua mudança, pois tornara-se sábio, seu coração transbordava de felicidade. Desde aquele dia passou a viver sob o princípio da generosidade, fazendo o melhor a si mesmo e aos outros. Ele abriu seu coração para a vida.



O que aprendemos com esses dois personagens, além de que temos que fazer sempre o nosso melhor enquanto estamos vivos para isso, é que por vezes também não sabemos que existe algo de errado em nós, mas o amigo está ali para nomear o problema e nos mostrar o caminho. Mais uma vez a importância do outro em nossa vida...

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Eu chamo de etapas de esquecimento...

É horrível ter que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, a falta dos abraços, dos beijos, da respiração ao pé do ouvido, dos braços enlaçando a cintura... Mas a gente acostuma. 
Depois vem aquela etapa de abandonar o que sentimos, esvaziar o coração e remover a saudade (como se fosse simples rs’).

Mas é preciso passar por essas “etapas de esquecimento”, se acabou externamente, tem que acabar aqui dentro também, só assim abrirá espaço para novos amores e novas felicidades...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A importância do outro em nossa vida


Vidas Secas é um livro cheio de temas e ensinamentos, porém o que mais me marcou nele foi a necessidade que o ser humano tem do outro. Porque eu sempre quis muito ser sozinha, num futuro próximo morar sozinha, fazer tudo sozinha e ser feliz do meu jeito. Eu queria amores mas não queria um amado, nem uma amiga sequer para viver comigo. 
Mas com o tempo eu fui percebendo que a vida sozinha traz uma solidão que começa a incomodar em certo momento... Todos precisamos daqueles "comigo mesmo", mas são momentos e não uma vida.
Na história Fabiano está com a esposa Sinhá Vitória e os dois filhos pequenos fujindo da seca. Eles vivem de lugares em lugares buscando melhores condições de vida e não é fácil. Mas em todo o decorrer da história vemos o importante papel de Vitória, pois ela era quem tinha as palavras de novo ânimo, as palavras e as ações dela que levantavam Fabiano quando este estava mal. 
A conversa os ajuda a alimentar a esperança de que vão reconstruir a vida. Quando Fabiano diz não ter certeza de que encontrarão um lugar melhor, Vitória lhe dá forças, ela não abre mão de pensar em uma vida melhor. Fabiano e Vitória apoiam-se um no outro e conseguem retirar do mais profundo de si, um poder de imaginar, sonhar, ver o belo no caos para no futuro poderem realizar. Poder imaginar que algo bom nos espera, nos da forças para prosseguir. Essa força interna que nos faz buscar lembranças de acontecimentos bons passados e imaginar que por mais que esteja o presente difícil, o futuro será melhor. 
É importante ter alguém ao nosso lado, ninguém vai sempre suportar TUDO sozinho, por mais auto suficientes que sejamos todos nós precisamos de uma Vitória em nossa vida. Um amigo, um irmão, uma namorada, pai, mãe, enfim você saberá que é a sua Vitória...

domingo, 27 de maio de 2012

Reflexão sobre os amores

Baseada nas personagens Desdêmona, Ana Karenina e Nástenka.

Platão diz que quem ama tem um deus dentro de si, ele é o nosso guia e nos permite adivinhar o que está acontecendo com nosso amado. O essencial é ter esse "deus amor" dentro de nós, e não colocarmos o amado como deus fora de nós, o qual é a razão da nossa vida, isso é o Amor Romântico, onde a pessoa tem o amado como seu TUDO e quando ele se vai não há mais razão para a felicidade e nem para viver. O amor ampliado é aquele em que amamos alguém com toda a intensidade de nosso ser, mas quando o amor acaba ou se transforma ele se amplia fazendo-nos felizes pelo amor que tivemos e preparados para um novo amor.

O amor romântico...
Desdêmona ( Otelo - Shakespeare)

Desdêmona apaixonada por Otelo larga tudo, o pai, a pátria, os amigos para viver apenas seu amor. Otelo era um homem que não acreditava nas mulheres,achava que todas elas traiam, então tinha uma dificuldade de ver a pessoa real que estava ao seu lado e a tratava mal. Desdêmona por sua vez, amava tanto Otelo que não se importava em ser tratada de tal forma e ainda dizia "os homens são assim mesmo, não devemos esperar deles as mesmas atenções do dia do casamento". Pensando assim ela se anula e vive para ele e por ele. Quando pressente que vai morrer, e por não entender que o amor é uma potência de vida, por não ser forte, se entrega passivamente à morte, cumprindo o Ideal do Amor Romântico.

Ana Karenina (Tolstoi)

Ana era uma jovem bela, elegante com simplicidade e alegre diante da vida. Com um filho e uma vida matrimonial satisfatória. Porém a história mostra que seu casamento é baseado em convenções que não incluem amor e fidelidade.
Ana conheceu e se apaixonou por Vronski, largou trabalho, filho, marido e amigos, para viver em função do amor dos dois. O marido de Ana era tão "arraigado" à convenções e religião que seu "eu próprio" já não existia, e quando Ana lhe falou o que estava acontecendo ele disse: " não estou falando como um marido ciumento, mas como alguém que conhece as regras". 
Ana e Vronski abriram mão de tudo pensando que o amor seria suficiente. Porém em certo momento, Ana sentiu falta do filho e quis vê-lo, no entanto o marido havia dito à criança que a mãe estava morta, e ela não poderia então ver o filho. Sentindo-se abandonada agarrou-se a Vronski como uma tábua de salvação, fazendo-o sentir-se sufocado. Ele por sua vez, estava voltando para o mundo, sentia falta do trabalho. Ana vê isso como uma traição e acusa-o de não amá-la.
Vronski foi convocado para uma batalha e Ana ficou furiosa quando ele decidiu ir, mas ele foi sincero e disse: "Sou um homem, tenho um trabalho a fazer, quero meus camaradas e meus colegas, o amor não é tudo". 
Ana não suportando ficar sem ele, joga-se nos trilhos do trem. Sua historia é uma tragédia, pois ninguém percebe sua angústia para ajudá-la, e ela própria não consegue seguir sua vida sem Vronski.

Do amor romântico para o amor ampliado...
Nástenka (Noites Brancas- Dostoiévski)


Nástenka era jovem, vivia com sua avó e nada mais fazia além de cuidar dela e ajudá-la. Um dia conheceu o Inquilino e apaixonaram-se. Em certo momento o Inquilino disse para ela que iria embora, Nástenka não suportou a ideia, caiu aos seus pés e disse-lhe que não viveria sem ele e nunca seria feliz. Ele disse á ela que voltaria em um ano...
Nástenka passou um ano á espera do amado e cuidando da avó. Ela poderia ter estudado, trabalhado, feito amigos, conhecido lugares novos enquanto esperava por ele, mas ela apenas viveu um ano esperando os dias passarem.
Um ano se passou e o Inquilino não chegou, então ela não teve outra reação a não ser chorar, foi para uma ponte e chorou olhando as águas turvas, não via sentido em sua vida, tudo pelo que esperava havia se perdido (se ela tivesse se apegado a outras coisas anteriormente ditas, nesse momento ela estaria estruturada para suportar a perda, teria outras razões para se alegrar e continuar sua vida sem ele).
Foi quando um Sonhador, que era um homem fechado para os sentimentos, para as pessoas, sem fé no amor e que vivia em seus devaneios, aproximou-se dela... Nástenka e o Sonhador contaram um ao outro suas historias, e tiveram uma grande empatia um pelo outro. Encontraram-se quatro noites e nessas noites 
aprenderam um com o outro o sentido do bom encontro, ela amou o Sonhador por todas as conversas e alegria que ele lhe trouxe, o Sonhador apaixonou-se por ela por fazê-lo acreditar novamente no amor, na felicidade. Esse amor que sentiram um pelo outro foi o amor ampliado.
Quando o inquilino voltou, Nástenka estava feliz pois tivera um bom encontro, amou outra pessoa e estava preparada para ser feliz por completo e foi embora com ele. O Sonhador de início ficou triste, mas havia crescido, seu sentimento foi ampliado e ele sentiu que se ela estivesse feliz ele também estaria e encontraria alguém assim como ela encontrou. Nástenka mandou uma carta dizendo ao Sonhador que para sempre o amaria, pois com ele aprendeu a verdadeira felicidade e sabedoria de amar. 


O verdadeiro sentido do amor é esse, na vida real temos que vivê-lo assim... sabe 
aquela história de "enquanto não encontro o certo eu me divirto com os errados"? kkk' É quase isso, não podemos passar a nossa vida apegados a uma coisa ou uma pessoa apenas, é preciso ter amor à família, aos estudos, ao trabalho, aos amigos... ter a sua felicidade em cada um deles tornando-os estruturas de vida para quando um acabar os outros sustentarem. E tornar cada amor ampliado, aprendendo com cada novo amor, pois são os pequenos amores que vivemos que nos preparam para o grande amor...

sábado, 19 de maio de 2012

Mr. Big ♥

Carrie e Mr. Big - Sex and the City
Ele é definitivamente o cara errado. Na verdade, o cara errado para ser feliz para sempre, mas o cara certo para ser extremamente feliz em alguns momentos. É charmoso, interessante, inteligente e não está lá nem cá. O Mr. Big é inesquecível e traz uma montanha russa de emoções, com os dois lados da moeda, com o tudo e o nada na mesma pessoa, com esse amor de expectativa. Ele te tira do sério, mas sempre que liga, te chama no msn ou em qualquer outro lugar, faz seu coração acelerar e faz com que você aceite tê-lo assim, porque o que você tem com o Mr. Big nunca será um relacionamento... É um caso mal resolvido para sempre!! KKK’

quinta-feira, 17 de maio de 2012

[Re]Construir o castelo ...



Eu nunca acreditei em herói, em príncipe e nunca preferi o mocinho ao vilão, mas eu tinha um castelo lindo que foi derrubado, e mesmo assim o reconstruí tijolo por tijolo. E uma vez reconstruído, ele estava bem mais forte, cheio de armadilhas e com colunas firmes para que quando uma caísse as outras o sustentassem. Todos podiam entrar em meu jardim, pegar rosas, mas nunca entrariam no meu castelo, porque eu sempre quis ficar totalmente sozinha nele.
Há algum tempo, algumas colunas cederam e meu castelo está fragilizado, estou em busca de ferramentas para reconstruí-las. Tenho me apegado ao que restou, mas me sinto muito sozinha... Sempre amei a liberdade, fazer coisas que gosto sem ter que ouvir críticas, opiniões alheias, sempre afastei quem tentasse de alguma forma me mudar. Gostava de não ter a preocupação de cuidar de alguém, de medir palavras porque em geral não sou boa nisso, me irrito fácil e as vezes falo sem pensar. 
No entanto, tenho percebido que não quero mais ficar tão sozinha aqui, porque este castelo é grande e frio. Um dia minha mãe não estará ao lado para eu chamá-la quando os pesadelos vierem, e a luz acesa não irá afastá-los. Então, com quem irei assistir a um filme clichê? Com quem irei tomar chocolate quente na fria tarde de domingo? Para quem eu vou contar como foi estressante ou empolgante o meu dia? Porque eu tenho um castelo, mas não sou uma princesa. Eu tenho muitos defeitos, inseguranças e um imenso orgulho para reconhecer isso, mas reconheço. 
Agora meus pensamentos estão mudando, meus sentimentos são mais fortes do que nunca, e meu medo não é pouco. Eu tenho que conseguir, vou reconstruir cada coluna do meu castelo como era, receber bem os meus visitantes, para que eles não saiam como quem assiste a uma exposição retrospectiva, mas levem um pouco de mim e deixem algo novo. E que o mais esperado dos visitantes entre pelo jardim e invada o castelo, virando a mesa e me tirando de órbita, deixe tudo fora do lugar mas fique: o amor... e quem mais ele quiser trazer com ele.