domingo, 19 de dezembro de 2010


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje eu não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
Eu sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
Que rio e danço e invento exclamações alegres,
Porque a ausência, essa ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade.

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