domingo, 27 de maio de 2012

Reflexão sobre os amores

Baseada nas personagens Desdêmona, Ana Karenina e Nástenka.

Platão diz que quem ama tem um deus dentro de si, ele é o nosso guia e nos permite adivinhar o que está acontecendo com nosso amado. O essencial é ter esse "deus amor" dentro de nós, e não colocarmos o amado como deus fora de nós, o qual é a razão da nossa vida, isso é o Amor Romântico, onde a pessoa tem o amado como seu TUDO e quando ele se vai não há mais razão para a felicidade e nem para viver. O amor ampliado é aquele em que amamos alguém com toda a intensidade de nosso ser, mas quando o amor acaba ou se transforma ele se amplia fazendo-nos felizes pelo amor que tivemos e preparados para um novo amor.

O amor romântico...
Desdêmona ( Otelo - Shakespeare)

Desdêmona apaixonada por Otelo larga tudo, o pai, a pátria, os amigos para viver apenas seu amor. Otelo era um homem que não acreditava nas mulheres,achava que todas elas traiam, então tinha uma dificuldade de ver a pessoa real que estava ao seu lado e a tratava mal. Desdêmona por sua vez, amava tanto Otelo que não se importava em ser tratada de tal forma e ainda dizia "os homens são assim mesmo, não devemos esperar deles as mesmas atenções do dia do casamento". Pensando assim ela se anula e vive para ele e por ele. Quando pressente que vai morrer, e por não entender que o amor é uma potência de vida, por não ser forte, se entrega passivamente à morte, cumprindo o Ideal do Amor Romântico.

Ana Karenina (Tolstoi)

Ana era uma jovem bela, elegante com simplicidade e alegre diante da vida. Com um filho e uma vida matrimonial satisfatória. Porém a história mostra que seu casamento é baseado em convenções que não incluem amor e fidelidade.
Ana conheceu e se apaixonou por Vronski, largou trabalho, filho, marido e amigos, para viver em função do amor dos dois. O marido de Ana era tão "arraigado" à convenções e religião que seu "eu próprio" já não existia, e quando Ana lhe falou o que estava acontecendo ele disse: " não estou falando como um marido ciumento, mas como alguém que conhece as regras". 
Ana e Vronski abriram mão de tudo pensando que o amor seria suficiente. Porém em certo momento, Ana sentiu falta do filho e quis vê-lo, no entanto o marido havia dito à criança que a mãe estava morta, e ela não poderia então ver o filho. Sentindo-se abandonada agarrou-se a Vronski como uma tábua de salvação, fazendo-o sentir-se sufocado. Ele por sua vez, estava voltando para o mundo, sentia falta do trabalho. Ana vê isso como uma traição e acusa-o de não amá-la.
Vronski foi convocado para uma batalha e Ana ficou furiosa quando ele decidiu ir, mas ele foi sincero e disse: "Sou um homem, tenho um trabalho a fazer, quero meus camaradas e meus colegas, o amor não é tudo". 
Ana não suportando ficar sem ele, joga-se nos trilhos do trem. Sua historia é uma tragédia, pois ninguém percebe sua angústia para ajudá-la, e ela própria não consegue seguir sua vida sem Vronski.

Do amor romântico para o amor ampliado...
Nástenka (Noites Brancas- Dostoiévski)


Nástenka era jovem, vivia com sua avó e nada mais fazia além de cuidar dela e ajudá-la. Um dia conheceu o Inquilino e apaixonaram-se. Em certo momento o Inquilino disse para ela que iria embora, Nástenka não suportou a ideia, caiu aos seus pés e disse-lhe que não viveria sem ele e nunca seria feliz. Ele disse á ela que voltaria em um ano...
Nástenka passou um ano á espera do amado e cuidando da avó. Ela poderia ter estudado, trabalhado, feito amigos, conhecido lugares novos enquanto esperava por ele, mas ela apenas viveu um ano esperando os dias passarem.
Um ano se passou e o Inquilino não chegou, então ela não teve outra reação a não ser chorar, foi para uma ponte e chorou olhando as águas turvas, não via sentido em sua vida, tudo pelo que esperava havia se perdido (se ela tivesse se apegado a outras coisas anteriormente ditas, nesse momento ela estaria estruturada para suportar a perda, teria outras razões para se alegrar e continuar sua vida sem ele).
Foi quando um Sonhador, que era um homem fechado para os sentimentos, para as pessoas, sem fé no amor e que vivia em seus devaneios, aproximou-se dela... Nástenka e o Sonhador contaram um ao outro suas historias, e tiveram uma grande empatia um pelo outro. Encontraram-se quatro noites e nessas noites 
aprenderam um com o outro o sentido do bom encontro, ela amou o Sonhador por todas as conversas e alegria que ele lhe trouxe, o Sonhador apaixonou-se por ela por fazê-lo acreditar novamente no amor, na felicidade. Esse amor que sentiram um pelo outro foi o amor ampliado.
Quando o inquilino voltou, Nástenka estava feliz pois tivera um bom encontro, amou outra pessoa e estava preparada para ser feliz por completo e foi embora com ele. O Sonhador de início ficou triste, mas havia crescido, seu sentimento foi ampliado e ele sentiu que se ela estivesse feliz ele também estaria e encontraria alguém assim como ela encontrou. Nástenka mandou uma carta dizendo ao Sonhador que para sempre o amaria, pois com ele aprendeu a verdadeira felicidade e sabedoria de amar. 


O verdadeiro sentido do amor é esse, na vida real temos que vivê-lo assim... sabe 
aquela história de "enquanto não encontro o certo eu me divirto com os errados"? kkk' É quase isso, não podemos passar a nossa vida apegados a uma coisa ou uma pessoa apenas, é preciso ter amor à família, aos estudos, ao trabalho, aos amigos... ter a sua felicidade em cada um deles tornando-os estruturas de vida para quando um acabar os outros sustentarem. E tornar cada amor ampliado, aprendendo com cada novo amor, pois são os pequenos amores que vivemos que nos preparam para o grande amor...

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